O Passado da Ordem - A Origem dos Generais (Parte 2)

Agora ela já andava, se movia e falava.Tinha mais força, as cicatrizes permaneciam mas doiam menos.Sua cabeça também doía menos, seu corpo estava menos dormente.Os pesadelos apareciam menos.Já havia se passado alguns meses desde que ela vira o Asura, Leverrier, pela última vez.Não o veria denovo por um tempo, ele não se misturava com a 'ralé'.Eramos só poeira nos pés dele, para ele, não tinhamos ne direito de passar no mesmo corredor.

Estava livre das bolsas de sangue e caminhando, só um dos momentos antes que tudo voltasse.O treinamento ficaria pior, as dores recomeçariam, e voltariamos ao ciclo sem fim.Uma roda viva de terror e sangue que numca iria terminar.Mas no momento, estava na 'bonansa', logo viria a tempestade.Mas não era necessário pensar nisso agora.Por isso se afogava num mundo fictício, o mundo dos livros.No momento ela se embrenhara em 'Mil e Uma Noites', as histórias interminaveis podiam faze-la esquecer, mesmo que por um segundo, o mundo de horrores em que vivia.

Não mais vestia a camisola preta, agora usava um vestido roxo com mangas longas, seus cabelos estavam penteados porém soltos.Já não parecia mais um animal que acabara de fugir do caçador, parecia uma pessoa, mesmo que só na aparência.

Ela escutou uma voz, mas não via quem era.Sua reação no momento foi a mais instintiva e não pensada o possível.Virou-se, rápida como um raio e se pos em posição de luta, punhos fechados de frente ao queixo, como se preparada para abeter um inimigo que vinha em sua direção.Não era a melhor lutadora, mas depois de anos daquele treinamento intensivo aquilo se tornou parte de seus instintos.

Foi só então que viu a pessoa.Reconheceu a voz e parou para pensar nas palavras.Desceu os braços para os lados do corpo, descansando um pouco.Ela mecheu os olhos, rápidos movimentos, e então voltou a olhar para ele.Os mesmo olhos vazios e sem esperança, mas agora eles o olhavam, diretamente.Perfurando, atravessando a alma, cortando como adagas nas profundesas do ser.Assustadores olhos vazios e sem vidas, lãminas que não refletiam nada.

- Maria...Maria Aditi Mittal.

Ela então voltou a sentar-se na sua cadeira, levando uma das mãos ao livro.Correndo seus olhos pelas páginas, mas ainda atenta a presença perto de si.

Ela virou o rosto para ele em um movimento brusco e rápido, as mãos ainda no livro.Naquele momento ela mal lembrava o que falara, e falara aquilo como num instinto, não pensava se ele entenderia ou não, nem mesmo pensara nas palavras.Ela então levou os olhos ao chão, como explicar aquilo...

- Deva, divindades, seres divinos...Asuras, antideuses, aqueles que lutam com Devas.Esses dois tipos estão sempre em batalha, se encontram-se, lutam.

Ela voltou seu olhar ao livro, repensando todos os acontecimentos dos meses passados, e voltou a falar, dessa vez em um tom mais baixo.

- São coisas da cultura indiana.

- Você não é Shiva para falar tal afirmação.

Ela ainda tinha os olhos presos ao livro, apesar de estar bem atenta ao mundo ao seu redor.No pesadelo em que ela vivia era perigoso desviar a atenção mesmo que por um instante.Não são só os Akumas que trazem perigo, a Ordem por si só é perigosa.E ela nem tinha saído em missão ainda.

Ouviu seu nome ser chamado pelo jovem mas continou us a leitura.Podia sentir a hesitação na voz dele, mas não era nada de seu interesse.Até que ele terminou de falar.

- Por que quer saber isso?Isso não é seu assunto.Essa é minha vida.Isso não é para você.Por que quer saber?!

Ela virou-se para ele, havia entrado em um estado completamente defensivo.Era um assunto difícil, feridas internas que doíam e sangrava constantemente.Ela levantara-se da cadeira, batendo as mãos na mesa.Seus olhos voltaram a ter a aparência assustadora, sem vida, o abismo se aprofundando mais ainda, dor, tristeza, medo e ódio.Um ódio tão grande e tão forte que queimava com um fogo alimentado pela dor e pela tristeza da jovem.

Ela mechia a cabeça de uma lado pro outro, sussurrando frases negativas, muitas em sya língua natal, lágrimas já se encaminhando a seus olhos.Aquele era realmente o assunto mais doloroso, toda esperança e até a consciência de quem ela era fora drenada de si no tempo que passara na Ordem.Trazer essas coisas a superfície era abrir a caixa de Pandora.

- Eu não tenho opção...Não tem opção...Há...Não há...Não há opção....Não tenho, não tenho fuga.É meu destino, meu destino.

Agora as lágrimas já caíam de seus olhos, a expressão de dor e angústia digna de alguém que fora separado de seus entes queridos, e vivia, agora, um tormento inacabável, um pesadelo.Seus braços circulando o própio corpo para então voltar a frente de seu rosto e fazer o mesmo caminho denovo

- Eles me pegaram, eles me troxeram pra cá, eles não vão me deixar escapar, não vão, não vão!...Ele não vai me deixar escapar....O Asura não vai me deixar fugir....Eles não vão me deixar fugir!...Não há esperança...não...não....

Ela não conseguia se expressar, mecher nos motivos daquilo, naquilo como um todo era entrar em um furacão, nem mesmo ela entendia o que realmente estava acontecendo.